Ah, Cine Drive-in... Privilégio é tê-lo na nossa capital! É o último da América Latina, imaginem só. Tela enorme e com projeção moderna, carros antigos, clima bom, foodtrucks, comidas maravilhosas e muita, mas muuuita nostalgia. Esse é o Cine Drive-in, que nos faz suspirar e nos enche de orgulho pela tradição que, sim, dá história de filme. Chama os amigos ou a família, pega a pipoca, entra de carro mesmo e sintoniza no nosso FM que a nossa postagem já está começando.

Em 25 de agosto de 1973, era inaugurado um dos melhores pontos de diversão da cidade e que, mesmo sem saber, criaria uma cultura, marcaria a história e geraria memórias afetivas das mais valiosas. Física e metaforicamente no coração da cidade, o Drive-in possui 15 mil metros de área asfaltada com capacidade para 500 veículos em pleno conforto no seu estacionamento, além da maior tela de cinema ao ar livre do país, com seus 312 metros, cuja projeção moderna de alta qualidade deixa muito cinema de shopping no chinelo.



Pessoas sentadas nos porta-malas dos carros, crianças livres, casais apaixonados, pessoas com algum tipo de deficiência física, famílias em geral: todos têm seus olhos brilhando pela projeção na enorme tela do cinema. Num carro prateado, uma família de quatro pessoas abre o porta-malas de seu carro e, quase como mágica, o transformam em um aconchegante sofá, em que conversar sobre o filme e atender ao telefone são permitidos, evitando o constrangimento de ter a atenção chamada pelo lanterninha ou pelos demais espectadores.

Primeiro, logo ao chegar já com o farol apagado e após comprar os ingressos, o bilheteiro dá as instruções: “Para pedir o cardápio e ver os lanches, ligue o farolete no baixo. Em caso de perigo, ligue o pisca-alerta. Caso queira ir embora antes do filme acabar, vá com o farol desligado para não atrapalhar os demais. Sintonize o seu rádio na FM 88,7, mas caso seu carro não tenha som, basta solicitar. Bom filme!” Pronto. Fora essas regras de convivência básica, você está permitido a fazer tudo dentro do bom-senso e sempre pensando que tem outras pessoas querendo curtir o ambiente e o filme.

Como uma cena rara, sob a luz da lua, com as estrelas (que não são somente as dos filmes) para deixar a noite ainda mais especial, o cinema, que tem o céu como testemunha, desenrola o filme e entretém a todos. A experiência de ir ao Cine Drive-In é realmente única e merece ser vivenciada em todas as suas variáveis possíveis.

Fica aqui um apelo às pessoas: apareçam lá no Drive-In, vivam essas experiências, compartilhem esses momentos com as pessoas que vocês gostam, se curtam e curtam o ambiente. Vamos fazer uma tentativa? Ao invés de deixar os filhos no shopping para ver um filme com os amigos ou você mesmo se encontrar com os seus lá, que tal uma passada no Drive-In? Garanto que, se for, só terá elogios a fazer.

Para além das experiências, este é um patrimônio cultural de Brasília e do país que deve ser preservado. Marta Fagundes, a administradora do estabelecimento, relata a dificuldade em mantê-lo inclusive devido a inúmeros episódios de tentativas dos diferentes governos e de outros estabelecimentos em tirarem o drive-in de lá, fosse para construir prédios bem localizados ou estacionamento para suprir a demanda do autódromo. Sem comentários. Ainda bem que temos apaixonados pela cidade em seus projetos originais para mobilizarem iniciativas que protejam esses pontos contra as ações nocivas à nossa cultura. É muito triste perceber que espaços culturais tão valiosos para a cidade podem ter seu fim. Portanto, vida longa ao Cine Drive-In!