Se você pensa que Athos Bulcão se resume a azulejos, podemos te comunicar que "você não sabe de nada, inocente!". Athos Bulcão é plural. Pinturas, desenhos, relevos, esculturas, azulejos e gravuras: técnicas distintas e todas com o jeito Athos de ser.

Durante a década de 1950, Athos flertou com a fotomontagem e o surrealismo, gerando uma série inusitada de colagens. Uma mostra com 26 dessas obras está na exposição “Athos em preto e branco”, em cartaz na AB Galeria, na sede da Fundação Athos Bulcão.

Unindo o onírico e o poético sobre um mesmo plano, Athos utilizava, como método, a seleção e o consequente recorte de revistas da época, colocando-os sobre um plano, construindo a cena a ser fotografada. Na imagem construída, diversas lógicas fotográficas são percebidas, além as relações entre luz, tons, proporções e perspectivas. O fantástico dialoga com a técnica e resulta em obras como A invasão dos marcianos, O susto, Entardecer no Planalto (abaixo) e A inundação de um sonho.
Inspirado pelo cinema de Sergei Eisenstein, do alemão Friedrich Murnau e pela recente viagem que havia feito à Europa em busca de sua identidade como artista, Athos Bulcão afirma, em entrevistas, que essa produção representou um exercício de enquadramento, preparando habilidades que viria a aplicar em seus trabalhos futuros em arquitetura. Segundo Valéria Cabral, secretária executiva da Fundação Athos Bulcão, as fotomontagens são um retrato fiel da inquietude do espírito artístico de Athos. “A exposição revela uma face menos conhecida do artista, mas ainda assim muito importante, pois o entendimento de sua obra requer a consciência das múltiplas faces de sua trajetória”, completa.

Você já conhecia este conjunto de obras do Athos Bulcão? Que tal dar uma passadinha na Fundathos e dar uma conferida?